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02/11/2015
Cuidados com a Próstata
por Dra. Aline Chaves Andrade

Cuidados com a próstata

A prevenção de qualquer tipo de câncer deve começar desde a infância, com a adoção de bons hábitos saudáveis de vida. Dietas ricas em gordura animal, carne vermelha, embutidos e cálcio tem sido associadas ao aumento no risco de desenvolver a doença. No caso do câncer de próstata a obesidade também é apontada no aumento do risco, associando-se inclusive a apresentações mais agressivas. Por outro lado, é possível que dietas ricas em vegetais, vitaminas D e E, licopeno (tomate) e ômega-3 tenham algum efeito protetor

O câncer de próstata é o 2º mais frequente entre os homens e estima-se que no Brasil ocorrerão em 2014 cerca de 68.800 casos novos (70 casos a cada 100 mil homens).

Trata-se de uma doença do homem idoso (62% dos casos ocorrem em homens com 65 anos ou mais), uma vez que o envelhecimento da próstata favorece o desenvolvimento de células anormais. Praticamente todos os homens acima de 80 anos tem algum foco de neoplasia nesta glândula, mesmo que oculto, o que não significa que irão adoecer. É importante lembrar que homens jovens também podem ser afetados.

Em relação ao diagnóstico precoce da doença, recomenda-se a dosagem de PSA (antígeno prostático específico) no sangue e visita ao urologista para realização do toque retal a partir dos 50 anos de idade. Em caso de história familiar positiva em parentes de 1º grau (pai, filhos, irmãos), a orientação é de que este acompanhamento comece mais cedo. Exame de sangue e o toque se complementam, aumentando assim o sucesso no diagnóstico precoce do câncer. Devem, portanto, ser realizados juntos!

O tratamento inicial do câncer de próstata pode ser cirúrgico e após a retirada da próstata, 50% dos homens com até 65 anos de idade podem ficar impotentes. A taxa aumenta após esta idade, porem existem algumas medidas para minimizar este efeito indesejado, que devem ser discutidas, caso a caso, diretamente com o médico urologista.

A retirada da próstata não interfere na produção do hormônio masculino (testosterona), uma vez que quem o produz são os testículos (o que é perdido é a potência e não a libido). Já o tratamento hormonal, bloqueia a produção da testosterona (através de medicamentos ou da retirada dos testículos) causando assim redução da libido.

Vale lembrar que: a cirurgia não é a única forma de tratamento da doença localizada, existem casos que são indicados o tratamento radioterápico associado ou não ao bloqueio hormonal.

A família pode ajudar os homens da casa quebrando o tabu da visita ao urologista. A dosagem isolada do PSA não é suficiente. O toque retal é simples, rápido e seguro para o paciente. O estímulo e a participação em conjunto de um estilo de vida saudável (dieta, reduzir o peso, atividade física) também é fundamental. Cabe ressaltar que o câncer de próstata após 60 anos não significa na maioria dos casos doença ameaçadora da vida. Muitos pacientes idosos ou determinados casos classificados como baixo risco, podem inclusive, permanecer sob observação, com início do tratamento apenas quando a doença se manifestar (surgimento de sintomas urinários ou elevação mais importante do PSA, por exemplo). Usamos o termo para esta pratica de observação vigilante. O esforço é voltado para a manutenção da qualidade de vida!

Portanto, a família é fundamental para orientar o paciente, acolhê-lo e incentivar a busca por diagnóstico precoce e tratamento, bem como desmistificando o conceito de câncer de próstata como sinônimo de perda da potência ou da masculinidade. A vida com qualidade é o verdadeiro sentido da nossa existência.